terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Identidade


   Ser invisível não é de todo ruim. As pessoas não te notam, não
reconhecem o que você faz, mas... quer mesmo saber? O bom
disso é que, justamente por não notarem, não cobrarão nada de você.
   Seria egoísmo querer estar em meio a pessoas mais estranhas do que
você, apenas para amenizar isso? Essa é uma das bilhões de questões
que já me perguntei e, se quer saber, não achei resposta alguma (e nem
sei se realmente quero achar).
   Me acostumei com esse jeito estranhamente meu de ser e, mesmo assim,
nunca o jogaria fora e nem vestiria uma máscara por cima disso tudo.
   Dúvidas, questionamentos, exageros, devaneios, músicas, desenhos,
isolamento e companheirismo ao mesmo tempo... talvez tudo isto seja eu.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Dualidade




Talvez tenha sido o único problema com o qual
me importei por tanto tempo.
Talvez...
Talvez seja como uma amnésia forçada, por
conveniência.
Talvez tenha sido o que eu mais amei e mais
temi ao mesmo tempo.
Talvez sim, mas, ao mesmo tempo, talvez não.
Foi, esteve, fez, sentiu, deixou...
Assim mesmo, no passado, porque me sinto morta.

Sabe como é, as pessoas morrem e nascem todos os dias.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Por onde andei?

Das vezes que você se encontrou perdido,
caminhando pelo espaço, alguma delas você
já parou para olhar todo o caminho que andou?
Já viu quantos minutos perdeu, só contando
os segundos?
Nunca se perguntou por quê estar no mesmo
lugar tantas vezes?

Tudo é diferente.
A mentira está mais velha, agora.
Não posso te abraçar demoradamente,
Você se tornou frio demais para isso.

E agora, para onde vai o meu abraço?
E todas aquelas lágrimas que fiz tanto
para esconder?

O orgulho ainda é mais forte que o perdão.
A vontade ainda não quer descer.
A máscara se esqueceu de cair.

E onde estou eu agora?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

De Tempos e Tempos Atrás


Todas as noites olhando para o céu
Elas sempre estavam lá,
Me ouvindo e me olhando.
Costumava ser assim...
Será que elas ainda olham por mim?

Pensando bem, um acústico às estrelas
Tendo o tempo e a brisa como plateia na madrugada
Já era o suficiente!
Dava a sensação de não estar sozinha por completo. (Doce ingenuidade!)

E então, eu cantava.
Cantava tudo o que não conseguia dizer
Tudo o que fosse capaz de traduzir meus pensamentos.
Só assim é que eu conseguia dormir em paz,
Como se as estrelas realmente me embalassem.

Hoje, quando faço isso, ainda sinto a mesma coisa;
As mesmas lágrimas, os mesmos calafrios... mas de uma forma boa.
Porque a melodia nunca acaba completamente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Certeza no Incerto

   Sob um céu escuro e profundo como a incerteza de um abismo, era possível vê-los 
olhando para o nada com os pensamentos em todas as direções.
   Eles eram os únicos viventes. Pelo menos, os únicos acordados.
   Sem saber exatamente o que fazer ou o que pensar, decidiram achar um lugar para se 
acomodar. Escolheram um parecido com uma gruta, com algumas lápides do lado de fora 
e, então, ela aconchegou-se sobre a grama, com ele dando total apoio à ela.
   Um bebê. Uma caixinha que reunia todas as dúvidas do mundo. Um sussurro tão doce e
frágil, que a necessidade de proteção por parte dos pais era evidente.
   Aquilo era tão encantadoramente assustador, que tudo o que eles conseguiam fazer era 
olhar um ao outro, deixando transbordar o amor mútuo que sentiam e a vontade de não 
deixar que nenhum mal acontecesse àquela criança.
   Ela não sabia se acordaria no dia seguinte. Ele estaria ali, abraçado à ela.